segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Da inércia das coisas



Will Parisi


Nosso dia a dia é repleto de tanto. Pobreza, fome, malária, morro do dendê, dinheiro na cueca, capitalismo, poder, pedras e claro, as flores.

A grande maioria das pessoas se acostumam a ver o mesmo filme todos os dias e se conformam apenas com a troca dos autores, roteiristas e atores, que brincam de encenar a realidade da vida, enquanto a maioria permanece na comodidade do sofá, assistindo sua Tv de plasma de 80º.

Essa inércia é cômoda. Assola a maioria que vê e finge que não é com ela, quando no máximo o que se faz é uma critica vazia, como se não habita-se o mesmo mundo onde milhões de pessoas sobrevivem diariamente ou simplesmente morrem por não ter mais como lutar. A explicação. O pensamento cessou e a indignação morreu.

Pessoas caem, outras sobem. Conveniência, jogos políticos, poder, a vida não para. Só apodrece os corações trazendo a tona atitudes inescrupulosas que arrebatam a esperança e deixam alguns em meio a uma tempestade de pensamentos.

Mas não estamos sós, olhando ao redor encontramos outros, com os mesmos ideais e descobre-se o poder da união. Que com todo mundo junto, a inércia não consegue continuar tão imóvel, é obrigada a ruir, a cessar.

Partir para a ação, mesmo que ela seja singela pode acabar movendo algumas pedras e transformar pequenas realidades. Causa comoção e estardalhaço, o murmurinho surge parece que há uma luz nas pessoas, que existe um brilho de salvação, mas que engano não era luz, era sombra. Blefe.

Tudo bem, você pode me questionar se mudanças são possíveis em um mundo cheio de hipocrisia. E afirmo que sim, mesmo que existam pedras no caminho, mesmo que elas sejam grandes e pesadas, elas podem rolam. Não que seja preciso querer mudar tudo de uma vez, consertar tudo que está quebrado, mas é regando nossas flores e cuidando ao redor que os jardins poderão florescer.
Desistir nunca.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Quadrinhos invadem Hollywood



Will Parisi



O meio cinematográfico em Hollywood foi invadido por inúmeros personagens saídos diretamente do mundo das histórias em quadrinhos (HQs). Sem uma data de criação definida, as HQs ou “banda desenhada” como alguns preferem chamar, podem ter iniciado na forma de pinturas rupestres ou até mesmo nos papiros egípcios, pois também seguem uma formato de narrativa através das imagens. Mas oficialmente sua aparição se deu em 1895 com um personagens satírico chamado Yellow Kid, um garotinho oriental vestido com uma camisolão amarelo, que reivindicava os anseios das classes sociais menos favorecidas. Essa onda de adaptações começou inicialmente, com versões produzidas para a TV, mas não demorou muito e logo se descobriu mais uma faixa de mercado para a exploração. Em 1943 é lançado Batman, o homem morcego, um dos primeiros filmes a serem rodados. A partir desse momento a lista de adaptações para a telona, não parou de crescer e leva nomes como X-Men, Hulk, Homem Aranha, Superman, Demolidor, entre outros. A cada nova adaptação os roteiristas e diretores sofrem com as pressões geradas pelos fãs das historias e pela critica, que cobram fidelidade a seus personagens e seus originais.
O cinema passa por uma abstinência de originalidade, e por esse motivo está em busca de um novo caminho para percorrer. A queda na qualidade dos textos leva os roteiristas a buscarem historias prontas na Marvel e em sua concorrente DC Comics, conhecidas pelo publico leitor das HQs. Daí a grande quantidade de historias em quadrinhos adaptadas, pois o mercado só quer apostar onde o lucro é certo. Assim acorre também com a literatura e com as refilmagens de grandes sucessos europeus. De uma forma ou de outra essas historias já estão presentes no imaginário coletivo, tornando mais fácil sua aceitação.


Cinema é uma coisa, quadrinhos é outra

Essas adaptações nunca correspondem à história original, decepcionando o público fiel dos gibis. Como no filme O Fantasma, que obteve péssima bilheteria por não seguir a risca o original, diz, Marco Aurélio Lucchetti, professor de adaptações em multimeios do Centro Universitário Barão de Mauá. Um dos únicos filmes de qualidade desse gênero é Sin City, de Frank Miller. Esse material só pode ser considerado como uma reprodução das HQs, chegando em alguns casos a cometer as mesmas falhas dos quadrinhos, como no caso do X-Men, que consiste basicamente numa seqüências de lutas, sem ter a preocupação com o desenvolvimento psicológico da trama. O contrario já acontece com Homem Aranha, que possui um lado humano mais evidente, no que diz respeito a sua fragilidade, o personagem não esta certo quanto ao merecimento de seus poderes e se isso não esta atrapalhando sua vida. Essa dualidade intrínseca nos personagens é o que tornou esse filme atrativo ao público alcançando a 5ª maior bilheteria do gênero.

A vez dos blockbusters

“Esse é o filão da vez de Hollywood”, segundo Alexandre Carlomagno, estudante de jornalismo e cinéfilo, existem filme bons, mas a maioria são os chamados “blockbusters”, filmes feitos para aumentar o faturamento. Totalmente sem qualidade e descaracterizados, como no caso de Eletricka. A procura é por historias mastigadas e prontas para a aceitação do público. Como a linguagem do cinema é diferente dos quadrinhos, essas adaptações perdem no quesito qualidade. Outros filmes como Casa Perdida, Anti Herói Americano, Marcas da Violência são também adaptações dos quadrinhos, produzidos com um baixo orçamento e não possui um super herói como estrela principal. Ainda para Lucchetti, a crise de criatividade chegou em Hollywood, faltando talento para escrever especificamente para o cinema. Refilmagens como os três solteirões e uma pequena dama e perfume de mulher, originalmente europeus foram refilmados, pois tiveram grande bilheteria.